domingo, 12 de setembro de 2010

NEUROCIÊNCIA E MEDITAÇÃO -Novas aliadas na gestão humana

    Finalmente as  lideranças estão acordando no que diz respeito à gestão humana. Antigamente as técnicas e as metodologias cartesianas de gerenciar pessoas ainda funcionavam. Com as demandas e a aceleração da vida moderna, as antigas estratégias não funcionam mais, até a pirâmide das necessidades de Maslow está sendo questionada com o advento da neurociência. Mas o que está acontecendo com o homem moderno?
     Excessos. O homem moderno vive de excessos em busca de prazer e satisfação pessoal.  Excesso de trabalho,de preocupação , de álcool , de ansiedade  enre outros. Os excessosmais a correria e as pressões internas (emocionais) e externas (ambiente) não permitem ao homem relaxar e saborear o momento presente. Perdemos o presente do presente.
     Com isso as técnicas milenares de autoconhecimento e meditação explicam a atual onda de novidades no mercado. Primeiramente estas técnicas permitem ao homem moderno, diante de uma rotina de trabalho cada vez mais desgastante, a oportunidade para parar, desligar, ou, numa palavra, desacelerar.
      Outro fator que contribui para a crescente demanda de novas estratégias para desenvolver os seres humanos, chamados ainda, por muitas empresas de Recursos humanos, é o aval que a meditação e práticas de autoconhecimento têm recebido de gente séria ligada à ciência ocidental.
       O neurocientista americano Richard Davidson, da Universidade de Wisconsin-Madison, afirma que a meditação altera as estruturas cerebrais e muda o padrão de suas ondas, protegendo contra a depressão, a ansiedade e os efeitos do stress. Em novembro de 2005, Davidson chegou a levar o Dalai Lama - seu amigo pessoal - para uma palestra no encontro da Sociedade para a Neurociência, em Washington.
     Neste mesmo artigo datado em fevereiro de 2006, a coordenadora de pesquisas Sara Lazar, de Harvard, verificou que a massa cinzenta de quem praticava meditação era maior. As diferenças de densidade apareciam nas áreas do cérebro responsáveis pelo raciocínio, pela atenção e pela tomada de decisões e menor deterioração natural dos neurônios provocada pelo envelhecimento. Os cientistas suspeitam que a meditação, como o exercício físico, possa ser uma das atividades capazes de criar novas células cerebrais - o que, até poucos anos atrás, era tido como impossível, Segundo ela, basta 40 minutos por dia, em duas sessões.
   Em recente edição, abril de 2010, quatro anos depois, a revista HSM management publicou um artigo sobre neurociência “Gestão voltada para o cérebro” o qual o pesquisador David Rock, fundador e presidente do Neuroleadership Institute e CEO da Results Coaching Systems, surge com o conceito de “Cérebro Social”. Segundo ele, este conceito desautoriza a hierarquia das necessidades de Abraham Maslow o que gera uma nova configuração nas idéias tradicionais das empresas, as quais nunca observam o ser humano como um sistema, levando aspectos da neurofisiologia em conta.
   Neste estudo observou-se que a sensação de rejeição e exclusão de uma pessoa de seu ambiente pode provocar o mesmo tipo de reação no cérebro que a dor física. Este impacto pode ser minimizado com o uso da meditação como ferramenta de autoconhecimento e gestão emocional. Esta realidade nos remete a importância da gestão intencional do Cérebro Social dos funcionários para se obter um desempenho otimizado pelos líderes.
   Mas o grande erro das empresas é fragmentar o ser humano e não ver sua realidade holística. As empresas parecem ter medo de pessoas que sentem, tratam com as emoções e com os seres humanos de forma técnica e não humana. E querem ainda que as pessoas sintam-se motivadas.
   Em recente consultoria à uma grande empresa internacional pude ouvir a RH, ao requerer um treinamento com foco em criatividade, dizer a mim e à meu parceiro consultor, “eles são diretores e não podemos fazer dinâmicas bobinhas que falem de emoções e criança interior”, parece piada, pois para criar precisamos sair da casinha e permitir o processo de rompimento e renovação, e quem faz isso? A nossa criança interior é que permite o acesso às sensações e emoções; O adulto normalmente não se permite;
   Com isso observamos que para gerenciar seres humanos precisamos entender de ser humano, e normalmente o que encontramos em líderes e na alta gestão são títulos e metodologias de ponta, mas que serão aplicadas e dependerão do simples ser humano.
   A motivação e as necessidades básicas do ser humano são supridas com Respeito, amor e aceitação, ter um sentido em seu trabalho, ser valorizado e contribuir para a realização e vitória de sua empresa, O motivo é ter motivo. E ser visto como um recurso não cria um valor e muito menos um sentido na vida do profissional.
   Por favor, vamos entender como o ser humano funciona e para isso precisamos entender como nós funcionamos. O verdadeiro líder busca a compreensão como sua maior ferramenta o resto é resultado; A empresa moderna e eficaz busca líderes que entendam primeiro de si, que possam conhecer a si mesmos e posteriormente que possam liderar os outros.
   O autoconhecimento e a meditação são os mais antigos e os melhores recursos que um líder pode ter para lidar com pessoas e com a gestão do Cérebro Social. A meditação proporciona ao líder uma autonomia emocional e possibilita minimizar o impacto do ambiente sobre a resposta e produtividade do funcionário, tornando-o mais centrado e mais produtivo.
   É possível ser eficaz, lucrativo e humano e isto é que é ser INOVADOR.

Bhuvana Virginia Vasques
Consultora VIVA DH


Fontes:
Revista Época - 04/02/2006 - Edição no. 403
Revista HSM management – abril 2010

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